Da noite para o dia -

O sol caiu, sim, ele caiu. Despencou como se praticasse queda-livre, deixou de brilhar do lado de cá. A noite invadiu todo espaço que existia aqui, como se possuísse algo na escuridão, ela procura algo da qual talvez ainda não tenha encontrado,levou tudo...mas continuou lá. Talvez ela tenha gostado da calmaria, da falta de respiração, talvez ela tenha gostado do som da TV vindo da sala-de-estar. Eu não sei, eu não sei o que á agradou, o que á fez ficar.
Hoje ela passou ao meu lado tentando não ser notada e eu sorri, sorri pra ela porque fui bem educada. Abaixem o volume da minha voz agora, vou lhe contar um segredo. Eu vi de perto um raio de luz lutando pra iluminar algo lá dentro, iluminar sonhos na escuridão, ele me viu e sorriu pra mim...sorriu porque foi tão educado quando eu. Sumiu logo porque não teve a perseverança que a noite teve. Dias depois senti algo brilhar em mim, era ele, era o raio que eu tinha visto, ele não desistiu e estava comigo, então eu decidi que estava com ele também, porque gosto mais do brilho do sol do que a escuridão que eu conhecia. Ficamos juntos desde o dia em que ele sorriu pra mim e eu vi que era mais forte ao seu lado, juntos deixávamos luz por qualquer lugar que passássemos. Decidimos passear por toda casa, e ela voltou a brilhar da noite para o dia.
Eu entende que não era intenção da noite apagar o brilho daquele lugar, foi alguém que por descuido deixou a porta aberta, ela se fez por convidada e gostou do lugar. A noite me confessou que foi preciso apagar a luz da casa pra que pudéssemos enxergar e temer a escuridão, pra que déssemos valor ao sol.
Vez por outra a gente se encontra e ela retribui o sorriso que lhe entreguei a um tempo atrás. A minha porta vai estar sempre aberta, mas ela sabe que não vou deixa-la entrar.