23.10.11

última carta.

Tens estado tão distante, meu bem.
E eu mantive essa mania de me apaixonar fácil pelas suas faces, pelos sorrisos e pela bagunça que se faz em mim sempre que as nossas palavras se contradizem, e os olhares se encontram.
E eu cresci, e eu li mais como tinha pedido, e me dei demais.
É, eu tenho a terrível mania de ir deixando partes de mim com quem acho que cuidaria bem do meu coração, e cada pedaço são segredos íntimos.
Sim, alheia do destino eu tenho me tornado.
E não mais recriado os conceitos, estou vestida da cabeça aos pés de histórias velhas.
Não, não é que me falte coragem pra vestir algo novo não.
Só não sei se a saudade de reviver aqueles dias me deixará viver o futuro com sinceridade,
não sei se o desejo de reconstruir deixou espaço pra construir.
E não sei se você me entende, criança...
“Você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, (...) esperava de você apenas coisas assim, (...) Mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente.”
Mas me maltrata e diminui aqui sempre que a sua voz tenta falar mais alto que a minha, sempre que não me dá espaço pra te mostrar o quanto eu cresci e mudei enquanto esteve ausente.
E te desconheço quando aponta em mim coisas que nunca existiram.
Te afastas cada vez mais...
Sempre que me entrega apenas silêncio a minha cabeça maquina coisas absurdas, por isso exijo as suas respostas completas e com sentidos únicos.
Por ter estado tão distante de ti, eu mudei, meu bem.

Porém a essência continua a mesma, como pôde ver.
Não vou pedir que me deixe te apresentar novamente aquela que te entregou um mundo particular um dia, e que se afastou por medo. Aqueles medos que só você conhece.
Vou deixando tudo ao seu critério.

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