2.2.13

Medo - Efêmero


" Ser meretriz em Barcelona, apaixonada em Veneza, livre em Paris. Me casar em Dublin, ser traída em Moscou, esquecer em Roma. Ter um apartamento grande com quartos e salas inúteis, um apartamento pequeno onde cada canto é casa, uma casa com sacada e janelas enormes que dão pro jardim."

Esta sou eu, embora as palavras não sejam exatamente as minhas. Era Barcelona, Veneza, Paris, Dublin, Moscou, Roma, mais tarde seria a Índia, África e também Japão, mas para começar tinha mesmo que ser pela Europa. Era tudo real, o que em nada os torna perto, era também tudo distante.
Antes seriam massas, concreto, argila pra moldar a casa em que me crio. O meu Templo era somente o meu Corpo, de outra forma jamais compartilhado. Mulheres são loucas quanto outro louco lhe oferece o mundo, quando mesmo que num telefone vocês viagem o mundo. Mulheres dão tudo mesmo quando nada tem. Hoje me questiono se me dei demais pra ti.
Se dei talvez o que eu não tinha, e se lhe entreguei tudo com o que mais poderia eu tão ingênua lhe presentear? Já disse que abraço o mundo, eu te dou ele. Sem cerimônias, por hoje, vou te esclarecer uma outra porradas de coisas que me veem quando saio daí e passo uma hora até chegar ao meu quarto. Ou todas as vezes que você fica fora durante uma hora no final da tarde, ou quando você simplesmente não está afim de me ouvir. Sinto medo de que todo este castelo seja arquitetura efêmera, de que todas as mágicas que uso pra tornar pura magia o que nos cabe caiba numa caixa sem fundo, que você me exija mais do que fui capaz de dar.

“Por ver com muita clareza as causas e os efeitos,
ele completa, no tempo certo, as seis etapas
e sobe no momento adequado rumo aos céus,
como que conduzido por seis dragões.”

(Ch‘ien, O Criativo: I Ching, o Livro das Mutações)

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