11.12.09

Menina Singular -

Ela olhou em volta, viu o pequeno espaço que lhe sobrara. Decidiu que queria mais que isso, ela queria o mundo... todo em suas mãos. Não queria poder mandar e desmandar, não. Ela queria vida, queria de volta a sua vida, deixou de lado o preto e branco e implorou as cores um verão diferente, decidiu que iria mudar. Subiu num pequeno banco, que lhe mostrara a mais linda das paisagens, a sua preferida: era pôr-do-sol, o mais lindo fim de tarde que já tinha visto, o quarto inundado de raios – ela fechou os olhos e deixou a sua imaginação levar, prometeu a si mesmo que não deixaria que as fraquezas a derrubassem, prometeu que os amores perdidos não a fariam chorar por mais de dois dias, afinal, amor não é eterno, e talvez por isso seja tão especial, deixou que o vento levasse pra longe as más lembranças. Ela não queria esquecer tudo que já passou, não mudaria de vida e não queria seria ‘outra pessoa’, era uma forma de se reinventar sem deixar o passado pra trás, ela não ia esquecer de nada, absolutamente nada. Ela sabia que ainda não tinha vivido muito, mas o que sabia era suficiente pra achar infantil demais o jeito como tinha agido nos últimos dias. Infantilidade, ela odeia isso. Adorava quando sem querer a palavra “menina” era substituída por “mulher” quando se referiam a ela. Não era assim uma mulher, e também achava forte demais essa palavra, mas a achava linda. Em uma das suas tardes nada úteis veio na cabeça como ela era, -“ o sorriso no rosto independente das circunstâncias, o jeito otimista de ver o mundo e as pessoas,as cores por todo lado, e o jeito como sempre encontrava o lado bom das coisas por mais impossível que pudesse ser” -. Inocente mas letal. Ela comparou naquele instante o seu antes com o agora, e admitiu pra si mesmo que tinha inveja do que era. Soltou um sorriso meio inocente e malicioso, sentiu o seu coração pulsar freneticamente. Ela estava disposta a guardar no baú pra sempre a menina fria, indecisa - e ao mesmo tempo decidida demais - que se tornara, ela queria ver graça em tudo como antes, queria rir até perder o ar, até que a barriga doesse, queria ver o pôr-do-sol todos os dias pra ter uma imagem nítida de um amor eterno, mas ela não esqueceu. Amores não são eternos, erros não são fatais, e o verão é mais bonito quando se tem cores.

“ menina singular, capaz de transformar meu desenho em arte final ♪ “

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