O mundo foi esquecido.

Nós parecemos tão pequenos vistos de longe, tão grandes com todo esse singularismo, egocentrismo.
O meu coração, aos quatorze anos, parece velho e cansado ao vê-los enxergar nada alem de si, ao vê-los murmurar o quanto querem e o pouco que tem, sem se dar conta de que o pouco que tem é tanto para os que não tem nada. Os meus olhos, apenas eles, retificam as vozes ambiciosas em silencio. Os meus olhos ainda não aprenderam a verbalizar, mas dizem melhor do que as nossas palavras o que o mundo decidiu ignorar.
Ao seu lado e ao meu também, existe quem acorda sorrindo por ter menos que você, ele sorri pelo simples fato de por mais um dia acordar. Ele, com tão pouco de ouro é cheio de riquezas, cheio de cores, cheio de qualidades que o classificam humano, ele se fez digno disso. E nós, o que somos agora? O que somos diante dele?  Um ser que carrega consigo apenas a roupa do corpo e um sorriso grudado no rosto, agradecimentos que lhe fogem da boca e só de perto somos capazes de ouvir, capazes de sentir o quão grande ele consegue ser. Sim, somos pequenos e ignorantes diante do que chamamos de miseráveis, nós somos os bichos.
O mundo não foi esquecido, nós foi quem esquecemos do mundo la fora.